Edição do amor - ou do preterimento afetivo, depende do seu lugar na prateleira
vem pro nosso clube do livro "Meu Corpo Sou Eu" que começa nessa quarta, com o livro da Valeska Zanello
pra ler ouvindo 📚
Se você já chorou ouvindo Marília Mendonça e depois se sentiu burra por ter voltado com aquele embuste que só te escolheu porque não tinha mais ninguém disponível no sábado à noite... parabéns, você está viva e foi socializada como mulher na cultura ocidental. 🥲
Essa edição da newsletter é um chamado. Um alerta. Um grito mudo. Um “menina, sai dessa!” com embasamento teórico.
Vamos falar de amor, mas não aquele dos filmes com Meg Ryan nos anos 90 (saudade, mas não muita), e sim daquele que a Valeska Zanello destrincha lindamente em A Prateleira do Amor. Um livro que deveria ser lido em conjunto com terapia, brigadeiro e um grupo de apoio com mulheres que já romantizaram até o boy que usava regata com estampa de lobos.
Valeska nos dá uma rasteira teórica com categoria. Ela mostra que o amor, esse sentimento que deveria ser fofo, virou um dispositivo de controle — e a gente achando que era só carência. Descobrimos que nossa autoestima foi terceirizada para os homens.
Que o “homem certo” é um certificado de valor feminino. Que o amor virou um vestibular pro sucesso emocional — e quem não passa é chamada de encalhada. 🤡
E mais: se você não é branca, magra, cis, jovem e com sorriso de comercial de creme dental, o sistema ainda te joga pro fundão da prateleira. Lá onde as caixas vencidas do estoque emocional ficam escondidas atrás do “tudo por 1,99”. 😩
Mas calma, que tem salvação. E ela pode ter um começo com o Clube do Livro
Estamos lendo A Prateleira do Amor em grupo, no Meu Corpo Sou Eu. Não pra sofrer juntas, mas pra rir, refletir, xingar e, quem sabe, fazer uma pequena revolução íntima. Uma faxina no coração e um desmonte na ideia de que ser mulher é ser "escolhida". A gente escolhe também, tá? E às vezes, escolhe ficar sozinha com um bom livro e uma taça de vinho (ou de suco de uva integral, água com gás, xícara de chá, você escolhe).
Vem com a gente. Aqui a gente lê, discute, se ouve, desabafa, dá risada e descobre que, no fundo, o amor que mais vale é o que sentimos por nós mesmas — mesmo quando ainda estamos aprendendo a amar nossos furinhos, nossas dobrinhas e nossas recaídas emocionais.
Porque a prateleira pode até existir, mas a gente já tá pensando em derrubá-la e construir um altar pra nossa autoestima.
Te espero no clube Meu Corpo Sou Eu
Com amor (do tipo que não te apaga)
O que é o clube do livro Meu Corpo Sou Eu
Idealizado pela jornalista e pesquisadora Néli Simioni, o clube é uma das ações do projeto Meu Corpo Sou Eu, voltado à conscientização sobre a gordofobia e suas interseções com gênero, raça e classe. A mediação das conversas conta também com a participação da jornalista, escritora, curadora e psicanalista Jéssica Balbino, autora dos livros Gasolina & Fósforo e Traficando Conhecimento.
A programação do clube reúne autoras contemporâneas que abordam, com diferentes estilos e perspectivas, o modo como os corpos – especialmente os de mulheres e pessoas gordas – são atravessados por discursos sociais, afetivos e políticos. As obras que compõem este ciclo são A prateleira do amor, de Valeska Zanello, Se Deus me chamar não vou, de Mariana Salomão Carrara, Lute como uma gorda, de Malu Jimenez, Eu só cabia nas palavras, de Rafaela Ferreira e O corpo dela e outras farras, de Carmen Maria Machado.
Os encontros acontecem uma quarta-feira por mês, das 19h30 às 21h30, com participação livre: é possível adquirir encontros avulsos ou o pacote completo com desconto. As conversas acontecem ao vivo, via Google Meet, e ficam gravadas por 10 dias para quem não puder acompanhar no horário. Além disso, há um grupo exclusivo no WhatsApp e envio de materiais complementares.
“No clube, a gente lê para se reconhecer, mas também para se desestabilizar com cuidado. É uma experiência muito potente estar num espaço em que a escuta é genuína e a troca acontece com acolhimento. O clube é isso: um lugar onde a literatura nos conecta, mas o que sustenta é o que cada pessoa traz do próprio corpo, da própria vivência”, comenta Néli Simioni.
Para Jéssica Balbino, não se trata só de ler.
“Trata-se de abrir espaço para o que uma história provoca dentro de nós. Às vezes, é deixar que a palavra toque onde a gente passou anos mandando calar”, reflete.
Agenda dos encontros
16 de julho – A prateleira do amor, de Valeska Zanello
13 de agosto – Se Deus me chamar não vou, de Mariana Salomão Carrara
10 de setembro – Lute como uma gorda, de Malu Jimenez
15 de outubro – Eu só cabia nas palavras, de Rafaela Ferreira
12 de novembro – O corpo dela e outras farras, de Carmem Maria Machado
Valores e política de bolsas
Valores por encontro: R$ 80 (ideal), R$ 60 (intermediário) e R$ 30 (mínimo/social)
Pacote com 5 encontros: R$ 360 (ideal) e R$ 270 (intermediário), via Pix
Inscrições parceladas via Sympla: R$ 400 (ideal) e R$ 300 (intermediário) + taxa da plataforma
Inscrições via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento-online/clube-do-livro-meu-corpo-sou-eu.
Pix para inscrições: neliane.simioni@gmail.com
Com política de escuta e acolhimento, o clube oferece bolsas integrais para pessoas gordas, negras, indígenas, PCDs e mães solo. A cada cinco inscrições pagas, uma bolsa é gerada. Quem tiver interesse, pode escrever para meucorposoueu@gmail.com para solicitar sua participação.
Sobre as facilitadoras
Jéssica Balbino é jornalista, mestre em comunicação pela Unicamp, colunista do Estado de Minas e produtora de conteúdo para a revista TPM. Escreve sobre corpo, diversidade, literatura e periferia. É autora dos livros "Gasolina & Fósforo" e "Traficando Conhecimento". Atua também como educadora, consultora, roteirista, podcaster, curadora de literatura, diversidade e conteúdo. Viciada em café, tem medo de estátuas e acredita que as narrativas em disputa podem transformar o mundo. Nas horas "vagas", é psicanalista.
Néli Simioni é mestre em Divulgação Científica e Cultural pela Unicamp e pesquisadora sobre corporalidades gordas, gordofobia e suas intersecções, pelo viés da Análise de Discurso. Com formação em Jornalismo e pós-graduação em Jornalismo Literário, desde 2016 escreve sobre os temas corpo e identidade. À frente do podcast Isso não é sobre Corpo e do projeto Meu Corpo Sou Eu, também é comunicadora, facilitadora de cursos na área e palestrante, além de consultora de comunicação corporativa.
Sobre o Meu Corpo Sou Eu
O Meu Corpo Sou Eu nasceu da necessidade de criar um espaço onde a gordofobia fosse questionada e onde as experiências de pessoas gordas fossem acolhidas e validadas. Pensado a partir do podcast Isso Não É Sobre Corpo, fundado pela jornalista e pesquisadora Néli Simioni em março de 2021, o projeto atua como plataforma de diálogo e conscientização sobre a ação da gordofobia como uma opressão que afeta toda a sociedade. Acesse www.meucorposoueu.com.br
Isso é uma divulgação, Brasil ❤️✨🔥
Oiê! Em nossa news da semana passada, falamos sobre o amor também: https://www.imperiossagrados.com.br/p/pipocana-manteiga-2
Será que os textos dialogam? Penso que sim...