Minha vida estava parada por causa de um panfleto esquecido no fundo do armário desde 2017
No auge do burnout, incorporei a Marie Kondo e joguei tanta coisa fora; a casa fica bem melhor assim
Uma limpeza nunca dantes vista e o descarte da matrioska do acúmulo
Eu não sabia porque minha vida não ia pra frente e jamais poderia imaginar que era por causa daquele panfleto de oficina literária, tão bem guardado que estava esquecido, desde 2017, no fundo da pasta, no fundo do guarda-roupa, dentro de uma ecobag. Eu vivo a matryoska do acúmulo. É algo dentro de algo que tá dentro de algo e, no final: tudo inútil.
pra ler ouvindo 📚 🎧
Algo que me diz que agora a minha vida vai pra frente. E é algo muito específico: finalmente me livrei de um panfleto de inscrições em uma oficina de escrita criativa que eu estava guardando há cinco anos. Isso mesmo: 1.126 dias guardando um panfleto. Acumuladora, você pode estar pensando. E talvez, você tenha razão. Eu sou o tipo de pessoa curiosa, que vê um panfleto numa bancada e já vai logo pegando. Claro que eu tô sempre curiosa com muita coisa - a vida, digamos - e nunca tenho tempo para ler tudo que pego. Então, eu guardo. Coloco na bolsa e, em algum momento, limpo a bolsa e coloco numa pasta. Em algum momento, guardo a pasta no guarda-roupas e, anos depois, numa faxina qualquer, me deparo com aquilo e penso: gente, pra quê?Pois é: esse é bem específico. É de uma pessoa que eu nem gosto. Eu guardei, num festival literário qualquer e, por algum motivo, fiz esse movimento: estava lá na minha pasta. Junto com um boletim de ocorrência contra um ex, pedindo uma medida protetiva, alguns marcadores de livros, uns bilhetes que eu sequer lembro quem deixou, uns recortes de jornal e o tal panfleto.
E por que eu acho que o panfleto estava emperrando a minha vida? Porque é um tipo de informação desnecessária. Tipo de figurinha que lota o WhatsApp e dá pau no telefone ou selfie aleatória no rolo de fotografias. Fato é: ignorei minha alergia (sim, sofro de rinite e o tempo seco desencadeou uma crise horrível), o burnout - talvez seja um sintoma dele? - e resolvi fazer uma faxina como nunca dantes vista. Joguei fora não só panfletos de oficinas literárias de 2017, como uma vida inteira de acúmulo. A limpeza fez bem, não só para o destralhamento da casa, que ficou mais organizada, com menos coisa - e lá vou eu, ficar maníaca no minimalismo, será? -, para as pessoas que vão receber doações de roupas e livros, como também para um universo inteiro interno. Organizar o exterior me fez arrumar o interior. Foram-se cartas e fotografias (Herbert Viana, corre aqui), mas também relações que, como muitas peças, já não cabem mais. A arrumação me fez sacar que, sim, eu não estou só guardando para ler depois, mas também protelando finais, guardando relações que jamais serão frutíferas, mas que, no medo de me desfazer, acabei acumulando.
Respostas que nunca chegaram, convites que nunca se concretizaram, pessoas que prometeram e nunca entregaram. Tudo isso, como diz a música, foi embora. A casa fica bem melhor assim.
Volto, do auge da rinite, para dizer que estou ótima! A casa tá limpa, as coisas inúteis no lixo e, embora não tenha me tornado minimalista, repensei, tal qual a Marie Kondo, o que estava fazendo da vida, quais objetos e coisas me faziam bem e pude ter a certeza: agora, minha vida vai pra frente. Era aquele maldito panfleto que estava entulhando tudo. Livre da matryoska do acúmulo, posso voltar a colecionar coisas, quem sabe, desta vez, mais úteis.
Espero agora me apaixonar novamente! Que venha 🔥✨
Os caminhos possíveis para que nossos corpos possam existir
Vem comigo para a Casa TPM! Inscreva-se gratuitamente aqui
Em 2023, a Casa Tpm vai celebrar nossos corpos e investigar os caminhos para que eles possam existir em paz num mundo que ainda insiste em dizer como temos que ser.
Siiim! Estou super feliz de estar entre as pessoas convidadas para compor a programação! Vou mediar uma conversa que reunirá as incríveis Andreza Delgado , Vera Iaconelli e Ingrid Guimarães . E quero todo mundo lá, hein!
Depois de três anos desbravando a televisão e a internet durante a pandemia, o evento volta a receber o público em São Paulo para debater as questões mais inquietantes do universo feminino ao lado das mulheres que nos inspiram. No dia 2 de setembro, o festival criado em 2012 pela Tpm ocupa um espaço icônico da cidade, a Oca, localizada no Parque Ibirapuera, em São Paulo, para um dia inteiro de experiências, talks, debates, workshops e performances artísticas.
A Casa Tpm 2023 conta com o apoio de marcas que compartilham um olhar singular para o feminino e estão em busca de um ambiente de trocas e aprendizado para desfazer tabus e idealizações sobre o universo feminino. O evento tem patrocínio de Quem Disse Berenice?, marca do Grupo Boticário, copatrocínio da Nike e apoio do Enjoei.
As inscrições gratuitas estão disponíveis neste link e todas as informações sobre programação e convidadas serão divulgadas no Instagram da Tpm. Vem com a gente?
Casa Tpm 2023
Data: 02 de setembro (sábado)
Local: Oca – Parque Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, S/n - Portão 2 - Moema, São Paulo
Realização: Trip
📚📢 fora do hype
Osso de Baleia, da Lorena Otero
Osso de Baleia, da Lorena Otero é um livro que eu sempre quis ler. Ele passeia sobre diferentes personagens e situações. Ora é a pessoa oprimida em destaque, ora a pessoa opressora. Ele rompe com essa barreira da gorda feliz ou da gorda triste e passa por todos os estereótipos, mas sem ser panfletário. É um livro para lá de necessário.
Digo sem medo: um dos melhores que li nos últimos anos. Uma das obras mais primorosas ao tratar do corpo. Se valendo da liberdade ficcional, a autora abusa das múltiplas temáticas para tratar da opressão sem necessariamente chamá-la pelo nome. Com personagens ora cruéis, ora doces, os 18 contos do volume rompem com a barreira da gorda feliz ou da gorda triste e passeia por diferentes estereótipos sem ser panfletário.
Lorena Otero fez um livro urgente. Temos aqui uma grande obra. E que delícia que é mergulhar no universo do Osso de Baleia sem saber o que vamos encontrar. Há tanto a ser desvendado até que esse ossos apareça e a autora consegue ser absolutamente perspicaz na escolha das nuances de cada personagem. É um livro crítico no tom certo. Honesto em sua forma. Uma obra corajosa, no melhor sentido dessa palavra.
Gostei tanto que há algum tempo, gravamos o Podcast #Rabiscos com ela! Dá para ouvir aqui!
🎧 nos falantes
Eita que você chegou até aqui! Então bora de indicação sonora.
Hoje vou indicar a minha amiga Mel Duarte, que vocês já sabem que eu adoro, mas que tem um som pra lá de bacana.
Siiiim! Além de ser uma poeta incrível, ela tem um disco de spoken word, essa modalidade ainda pouco comum no Brasil, mas bastante sensacional mundo afora!
Aperta o play e vem comigo!
💸 Se eu fosse esperta, venderia!
Quem tá chegando agora e não sabe, lá vai: eu sou aloca dos cursos online. Sim, além de ministrar uns vários, como este acima, eu também me inscrevo e faço vários outros. É meu jeitinho de lidar com a compulsão: sendo compulsiva!
Mas, quero divulgar o meu cursinho aqui!
Quantas personagens gordas você já viu e se deparou na sua vida? Elas tinham vidas comuns ou tudo girava em torno do emagrecimento e da conquista do príncipe encantado? Como os corpos gordos são representados na arte? E no entretenimento?
A ideia desse aulão/curso é discutir um pouco do que está por trás da construção destes personagens, da produção literária, na arte e no entretenimento acerca dos corpos gordos e quais são as narrativas que cabem neste imaginário.
Você pode se inscrever aqui ! Temos para todos os bolsos e, caso não dê de forma alguma, mande um e-mail para falajessicabalbino@gmail.com solicitando sua bolsa, que vamos analisar!
Por hoje é só! Essas são minhas urgências da semana e eu espero que vocês tenham curtido! Por aqui, vou testando os melhores dias para enviar, para ler, etc.
Vai me contando também!